quarta-feira, 6 de outubro de 2010

[Sobre a morte e o morrer]

A morte, apesar de ser uma certeza a todos, é tema que pode proporcionar sentimentos de medo, ansiedade, tristeza, entre outros. A finitude do que é concreto causa espanto, relacionado também a expectativa do que acontecerá depois. As influência culturais, religiosas e individuais podem contribuir ou dificultar a relação que estabelecemos com a morte, a aceitação em relação a ela e (acredito) no sofrimento vivido ao estarmos diante dela. Os ritos de luto pelos quais passamos e a forma com que passamos por eles, acredito eu (novamente), podem ser modificados com o estudo sobre o tema, reflexões pessoais sobre valores atribuidos, e como profissionais de saúde, compreender sobre nossas próprias crenças para sermos capazes de lidar e/ou compartilhar com o sofrimento de perda do outro.

Uma vez relacionada a perda, sofrimento, impotência, a morte aparece no contexto dos profissionais de saúde, muitas vezes, relacionada a fracasso. Como uma impossibilidade de modificar uma situação real, a qual, teoricamente, fomos "treinados a evitar". No entanto, a morte não é um processo de que temos instrumentos suficientes para "deter", e não necessariamente detê-la é a melhor solução. É preciso que tenhamos espaços acolhedores para troca de experiências tanto no contexto pessoal como profissional, para que elas proporcionem a elaboração de novas estratégias de enfrentamento para essas situações. 

Camanzi aponta para estudos de Glaser e Strauss (1965) em que "os profissionais de saúde não falam com os pacientes sobre sua morte eminente pelo fato destes, através da manifestação do seu sofrimento, provocarem neles uma grande tensão emocional, perturbando a serenidade do hospital. O medo seria, então, o de serem absorvidos pelas emoções do paciente, o que poderia resultar numa perda do autocontrole devido ao contato com suas próprias emoções". Mesmo sendo uma referência antiga parece que isso ainda acontece!

Na vivência de estágio extra-curricular, em ambiente hospitar, no qual as crianças atendidas tinham casos de média e alta complexidade, era observada a necessidade tanto da criança como de suas famílias em ter espaços para refletir e se expressar seus sentimentos sobre a morte e o morrer. No entanto, nem sempre isso era acolhido pela equipe, o que era relatado pela comunidade assistida: "quando meu filho tinha um caso difícil de resolver (mas ainda havia possibilidade de cura) toda hora tinha gente aqui, depois que não podia fazer mais nada ninguém mais vem aqui".

Será que temos acolhido o sofrimento do outro, na nossa prática profissional? Será que temos buscado nos preparar para essas situações? Qual a importância em continuar os cuidados com aqueles que não tenham expectativas de cura ou melhora das suas condições de saúde? Acredito que precisamos criar espaços para essas discussões e nos instrumentalizarmos para favorecer uma boa condição de morte, em qualquer fase da vida e em qualquer quadro clínico!

Esse é só o início da abordagem desse tema, gostaria de que esse espaço fosse usado para elaboramos essas idéias e em próximos momentos aprofundarmos no assunto.

4 comentários:

  1. Nath!
    Que bom ver voce falando disso!!!! =P
    Temos realmente que nos preparar para a situacao da morte, se eh dificil para nos enquanto profissionais imagina para quem esta passando e sentindo a morte?

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  2. Verdade.
    é interessante msmo te ver falando disso pq passamos por tantas dificuldades la no HC, e vc, principalmente sofreu bastante ne?
    Acho que uma coisa q tem tudo a ver com essa questao de morte é a espiritualidade.
    Me preocupo muito em desenvolver esse lado mais sensivel, mas ao msmo tempo firme. Ouvir o outro, mesmo quando nao temos nada para falar, acolher a dor.
    Esse assunto eh otimo! acho super interessante!
    =]
    parabens gata saradaa!! bjos

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  3. Sem nunca esquecer de oferecer toda a qualidade de vida possivel para um paciente terminal. Nao sei se este texto foi tirado do livro "sobre a morte e o morrer" de Elisabeth Kübler-Ross (eu nao sei pq estou começando a ler hehehe) e ouvi boas críticas a respeito deste livro ^^ E também acho muito importante discutirmos este assunto, assunto este muitas vezes esquecidos, mas de suma importância.

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  4. Não foi baseado no livro não!
    Mas agora fiquei interessada.. É bom?
    Compartilhe aqui quando acabar de ler ;)

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