quarta-feira, 6 de outubro de 2010

[Morre Lentamente - Pablo Neruda]

Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

6 comentários:

  1. Boas Novas ao universo blogueiro!!!!
    Força a todos nós
    abraço
    andré nunes
    www.maquinomovel.com

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  2. lindo isso...
    combina com o momento.

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  3. Gabriel.
    Muito belo este poema nath ^^
    encontrei outro que também combina com o momento.

    "Não me deixe rezar por proteção contra os perigos,
    Mas pelo destemor em enfrentá-los.
    Não me deixe implorar pelo alívio da dor,
    Mas pela coragem de vencê-la.
    Não me deixe procurar aliados na batalha da vida,
    Mas a minha própria força.
    Não me deixe suplicar com temor aflito para ser salvo,
    Mas esperar paciência para merecer a liberdade.
    Não me permita ser covarde, sentindo sua clemência apenas no meu êxito,
    Mas me deixe sentir a força de sua mão quando eu cair."
    [Rubindranath Tagore / Colhendo frutos]

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  4. Que lindo, Nath!

    Você que escreveu?

    Jack

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  5. Adorei!
    Realmente combina com o momento.
    =]

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